O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, revelou que a principal pauta de sua reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), realizada nesta segunda-feira (6), foi a discussão sobre o Orçamento de 2025. A proposta orçamentária deverá ser votada em fevereiro, e embora ainda não tenha sido aprovada, o governo assegura que isso não deverá causar impacto significativo no funcionamento das atividades governamentais.
Haddad explicou que, apesar das restrições iniciais devido à ausência da peça orçamentária, a execução do orçamento no começo do ano costuma ser mais lenta, mas dentro da normalidade. O ministro mencionou que o governo segue uma regra que permite a execução orçamentária de forma gradual até que a proposta seja votada. "Precisamos conversar com o relator para ajustar o orçamento às expectativas do novo arcabouço fiscal e às leis aprovadas no final do ano passado", afirmou.
O atraso na aprovação do orçamento de 2024 foi um reflexo da demora na implementação das medidas de redução de despesas, como o ajuste no ritmo de aumento do salário mínimo e mudanças nas regras do abono salarial. O relator da proposta argumentou que seria necessário mais tempo para ajustar a peça às novas diretrizes fiscais, o que gerou o adiamento.
De acordo com Haddad, ainda não foram discutidas novas propostas de cortes de gastos. Embora ele tenha sinalizado no final de 2024 que apresentaria novas recomendações ao presidente Lula, a reunião não abordou esse tema. "Falamos sobre o planejamento do ano e sobre o orçamento, que ainda precisa ser votado", destacou o ministro.
Além disso, Haddad também descartou a possibilidade de aumentar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) nas transações envolvendo a saída de dólares do Brasil. Isso foi visto como uma tentativa do governo de conter a alta do dólar, algo que tem gerado preocupação no mercado financeiro. O ministro afirmou que a recente flutuação da moeda norte-americana é natural, dado o contexto global de incertezas. "Tivemos um estresse no final do ano passado, tanto no Brasil quanto no mundo. É natural que as coisas se acomodem", disse Haddad.
Outro ponto discutido foi a recente mudança nas alíquotas do IOF. No início de 2025, o imposto sobre compras no exterior com cartões de crédito e pré-pagos foi reduzido de 4,38% para 3,38%. Essa alteração, que já estava prevista no governo de Jair Bolsonaro, foi mantida pela gestão de Lula. Para as remessas ao exterior, a alíquota do IOF varia entre 0,38% e 1,1%.
Haddad também abordou a atual política de câmbio flutuante adotada pelo Brasil, descartando qualquer mudança nesse regime. Ele destacou que o Banco Central só intervém no câmbio em situações excepcionais, como em momentos de movimentos bruscos na cotação do dólar ou quando há distorções nos preços. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, havia explicado no final de 2024 que a venda de dólares foi uma medida para corrigir uma saída atípica de recursos do país, reforçando que a instituição não defende um preço fixo para o dólar.
A gestão econômica de 2025 parece estar marcada por um equilíbrio entre a implementação de medidas fiscais necessárias e a manutenção de um ambiente econômico estável, sem mudanças abruptas no mercado financeiro. A combinação de ajustes orçamentários e a gestão prudente do câmbio e do IOF refletem a intenção do governo de estabilizar a economia enquanto busca crescer de forma sustentável.
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