Seletividade alimentar no autismo: um desafio sensorial e emocional

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A seletividade alimentar é um tema relevante e muitas vezes subestimado quando se trata do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esse comportamento, que é visto em muitas famílias brasileiras, vai além de uma simples fase ou birra da criança. É uma condição que requer compreensão e atenção especial, pois envolve não apenas questões nutricionais, mas também profundas dificuldades sensoriais e emocionais. Para muitas crianças com autismo, a alimentação se transforma em um verdadeiro campo de batalha, onde cada refeição pode representar um grande desafio.

A seletividade alimentar é caracterizada por uma preferência restrita por determinados alimentos, que muitas vezes resulta em rejeição sistemática a alimentos com determinadas cores, sabores e texturas. Estima-se que 53,4% das crianças e adolescentes com TEA apresentem esse comportamento, segundo um estudo publicado na Revista da Associação Brasileira de Nutrição (Rasbran). Entre os fatores mais comuns estão os estímulos sensoriais relacionados ao odor, textura e aparência dos alimentos.

Esse comportamento, que pode ser visto por muitos como uma simples aversão ou birra, na verdade, tem um impacto significativo no desenvolvimento da criança, podendo resultar em deficiências nutricionais e afetar tanto o crescimento quanto o desenvolvimento cognitivo. Além disso, pode agravar comportamentos desafiadores, criando um ciclo difícil de romper. Assim, é essencial olhar para a seletividade alimentar de maneira profunda e cuidadosa, pois ela não se trata de um simples capricho, mas de um reflexo das características do autismo.

Fatores que influenciam a seletividade alimentar no autismo

  1. Aspectos sensoriais: As crianças com autismo experimentam o mundo de forma muito intensa e sensível. O que pode ser comum para pessoas neurotípicas, como o cheiro de um alimento ou a textura de um vegetal, pode ser um estímulo aversivo e até doloroso para elas. A hipersensibilidade tátil, por exemplo, é uma característica comum em muitas crianças com TEA e está intimamente ligada à seletividade alimentar. A forma como elas sentem as texturas e os cheiros dos alimentos pode dificultar muito a introdução de novos itens no cardápio.

  2. Necessidade de rotinas e previsibilidade: Crianças com autismo têm uma forte necessidade de previsibilidade. O dia a dia delas é estruturado por rotinas que proporcionam segurança. Quando a alimentação se torna uma área de incerteza, qualquer mudança no cardápio pode gerar ansiedade e resistência, o que reforça a seletividade alimentar. Por isso, muitos preferem se apegar a um número limitado de alimentos que consideram seguros e conhecidos.

  3. Comorbidades: Diversos estudos apontam que muitas crianças com autismo enfrentam comorbidades, como transtornos de ansiedade e problemas gastrointestinais. Um estudo publicado no American Journal of Gastroenterology revela que até 70% das crianças autistas enfrentam questões digestivas, o que pode influenciar a seletividade alimentar. Desconfortos como dor abdominal ou refluxo, por exemplo, podem tornar certos alimentos ainda mais indesejáveis, tornando a criança ainda mais seletiva.

Impacto da seletividade alimentar na saúde e no desenvolvimento

A seletividade alimentar pode ter sérias repercussões no crescimento físico e no desenvolvimento cognitivo das crianças com autismo. A falta de nutrientes essenciais pode afetar o aprendizado, a concentração e até mesmo o comportamento. Além disso, a ingestão insuficiente de vitaminas e minerais pode levar a deficiências nutricionais que prejudicam a saúde a longo prazo.

É importante compreender que esse comportamento não pode ser tratado de maneira simples. Pressionar a criança a comer alimentos que ela recusa pode causar mais danos do que benefícios. A chave está em criar um ambiente seguro e gradual, onde a criança possa explorar novos alimentos sem se sentir forçada ou ameaçada.

Como lidar com a seletividade alimentar?

O tratamento da seletividade alimentar exige uma abordagem integrada e multidisciplinar. Nutricionistas e terapeutas ocupacionais desempenham papéis essenciais ao trabalhar com a criança para ampliar seu repertório alimentar. A introdução gradual de novos alimentos, sempre de maneira lúdica e descomplicada, pode ser um passo importante. Técnicas que lidam com as questões sensoriais também são fundamentais nesse processo.

Criar uma relação positiva com a comida é essencial. Ao tornar a alimentação uma experiência prazerosa e livre de estresse, pode-se facilitar o processo de adaptação. O envolvimento da criança na escolha e no preparo dos alimentos pode ser uma excelente forma de tornar as refeições mais interessantes e atraentes. De acordo com Marinês Dutra, terapeuta ocupacional especializada em TEA, “as sessões de Terapia Alimentar devem ser conduzidas de maneira divertida, com brincadeiras e atividades que envolvem o preparo de alimentos ou frutas, permitindo que a criança associe a comida a momentos de prazer e alegria.”

O papel da família e da equipe multidisciplinar

A colaboração entre os pais, cuidadores e profissionais da saúde é essencial para ajudar a criança a desenvolver uma alimentação equilibrada. Além de terapeutas ocupacionais e nutricionistas, é importante contar com fonoaudiólogos e psicólogos comportamentais que possam auxiliar na adaptação sensorial e emocional.

Cada criança com autismo tem suas próprias necessidades, e o tratamento deve ser personalizado. É fundamental respeitar o ritmo da criança e criar um ambiente de confiança e segurança para que ela se sinta confortável ao experimentar novos alimentos.

Apoio especializado na Soulmare Clínica de Autismo

Na Soulmare Clínica de Autismo, oferecemos uma abordagem integrada e personalizada para enfrentar a seletividade alimentar no autismo. Nossa equipe é composta por profissionais especializados, como terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos comportamentais, que trabalham de forma colaborativa para promover uma alimentação mais variada e equilibrada. Nossos métodos incluem terapias sensoriais, jogos e atividades motoras que tornam o processo de alimentação mais agradável e menos desafiador para a criança.

Se você busca apoio especializado para ajudar seu filho a superar a seletividade alimentar, entre em contato conosco. Estamos aqui para oferecer o suporte necessário, respeitando as necessidades e o tempo de cada criança.

O futuro do seu filho começa aqui!

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