Conseguir licença para tratamento de saúde tem sido um
verdadeiro desafio de superação para educadores da rede estadual em Foz do
Iguaçu e região. Devido à falta de peritos na cidade, os trabalhadores estão
sendo obrigados a viajar até Curitiba (PR) para passar por avaliação médica.
Esse desmonte do atendimento leva o educador a trabalhar
mesmo adoecido, aponta a APP-Sindicato/Foz. "Para agravar, o governo
pretende terceirizar esse setor, o que pode dificultar ainda mais o afastamento
de servidores para tratamento, profissionais cada vez mais doentes devido às
condições de trabalho", frisa Danielli Ovsiany Becker, diretora de
Comunicação da entidade.
Professora de Inglês no Colégio Monsenhor Guilherme, Laiza
Luz é servidora pública estadual desde 2004. Ela foi diagnosticada com
fibromialgia há alguns anos, com crises de saúde que ficaram intensas no ano
passado. A educadora tentou retornar à sala de aula em 2020.
"No segundo dia de planejamento sai aos prantos do
colégio com as dores voltando", relata a professora. "Fui para o
consultório do reumatologista, e o médico aumentou as doses dos remédios, pediu
mais exames e me deu 30 dias de atestado e afastamento", conta Laiza.
"Obtive só 20 dias de afastamento do estado. Para fazer
o tratamento, tenho que levar laudos, exames e fazer perícia em Curitiba",
expõe. "Quero saber quem vai pagar meu deslocamento e, o pior, como vou
ficar sentada em um ônibus por mais de oito horas? Estou doente, com dores e
sou desrespeitada como cidadã paranaense", denuncia.
Recomendação de especialista
Professora de História na rede estadual em Foz do Iguaçu
desde 2003, Célia Cecília Candido da Silva começou tratamento médico em 2014 e
seguiu trabalhando. Em 2015, descobriu nova doença, que a obrigou, anos mais
tarde, a ser atendida por médico ortopedista especialista em doenças do pé.
Após tratamento com infiltração, fisioterapia e outros
procedimentos, o médico indicou o afastamento de Célia do trabalho, em 2018. No
ano seguinte, ela tentou retomar as aulas, mas não conseguiu em razão de dores
fortes e inchaço nos pés. Com laudo e exames apresentados à perícia em Foz do
Iguaçu, obteve afastamento imediato.
"Fiquei dois anos em desvio de função na escola. Meu
médico considerou minha doença irreversível e pediu a readaptação, mas o estado
me concedeu somente 15 dias de licença para tratamento", conta a
educadora. "Para prorrogar esse período, disseram que tenho de fazer
perícia em Curitiba."
Readaptação é quando o educador, ainda em condição laboral,
passa a exercer outra função, compatível com sua condição de saúde. Já o
chamado desvio de função ocorre ao trabalhador que cumpre outras atividades na
escola, mas é obrigado a fazer avaliações médicas periódicas.
"Tenho laudo de um especialista, aceito imediatamente
por dois peritos. Agora preciso provar, em Curitiba, que estou doente?",
questiona. "Devo viajar mais de 600 quilômetros, esperar para ser atendida
e ainda correr o risco de ter meu pedido negado. Sem contar os gastos que tenho
de arcar", diz a professora Célia, indignada.
Viagem para Curitiba e apreensão
Docente há 20 anos, Luci Meri Fontana, moradora de
Matelândia, conta que desde 2012 sofre com dores nos ombros, por rompimento do
manguito rotador provocado pelo excesso de movimentos repetitivos. Em 2013,
passou por cirurgia e voltou ao trabalho no ano seguinte, com algumas
restrições.
Em 2019, depois de dores fortes, Luci voltou ao médico que
fez a cirurgia, o qual identificou o agravamento de sua condição. "Ele
decidiu pedir meu afastamento da função para tratamento da lesão no ombro
direito, com risco de novo rompimento", explica.
"Fiquei afastada por 75 dias e voltei o médico no
início de fevereiro para uma nova avaliação. Foi o mesmo diagnóstico e o
afastamento foi mantido. Procurei a perícia em Foz do Iguaçu e, para minha
surpresa, não havia mais médico. O processo foi digitalizado e enviado para
Curitiba", revela.
"Depois de quatro dias chegou o resultado: afastamento
para tratamento de saúde até o próximo dia 3 de março, devendo após esse
período voltar às atividades laborais ou me encaminhar para nova perícia, agora
na capital", relata. "Estou bem apreensiva em ter que ir para
Curitiba, acho desumano ter que viajar tão longe pra passar por perícia
médica", aponta Luci.
Necessidade de perito em Foz
O professor Márcio de Costa, do Colégio Carmelita de Souza
Dias, conta que está há três anos em desvio de função devido a problemas de
saúde. Ele foi avisado de que precisará submeter-se a perícia na capital do
estado, mas exige atendimento no município.
"Fica muito difícil para mim, pois além de ter que
arcar com todas as despesas não posso viajar sozinho, pois estou doente",
enfatiza. Preciso de um perito para me atender em Foz do Iguaçu. Ir a Curitiba
não resolverá o meu problema", sublinha Márcio.
Fonte: Assessoria
Obrigado por comentar em nosso site, logo ele estará disponível para todos os usuários.