A Marinha brasileira monitorou durante uma semana um navio
russo de pesquisa e inteligência suspeito de espionagem na Europa e nos Estados
Unidos. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (21) pelo jornal O Estado
de S.Paulo.
Segundo a reportagem, o sinal de alerta foi aceso no último
dia 10, quando o Centro Integrado de Segurança Marítima do Rio de Janeiro
detectou o Yantar, uma embarcação de tecnologia avançada de sensores, dentro da
Zona Econômica Exclusiva (ZEE) do Brasil.
Logo após um primeiro contato, o navio sumiu do
monitoramento, levantando a hipótese de que o equipamento AIS, que permite a
sua localização, tenha sido desligado.
No fim da tarde do domingo (16), diz o jornal, um
helicóptero da Marinha e um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) localizaram a
embarcação a 50 milhas (80 quilômetros) das praias do Rio. Numa primeira
abordagem, a tripulação russa não atendeu às chamadas. Depois, deu resposta
evasiva à pergunta sobre o trabalho que realizava. O barco, nesse momento, já
estava próximo do litoral fluminense, numa área de cabos submarinos de
internet, atracando na noite do dia 18 no porto do Rio, onde deve ficar até o
fim de semana.
Um militar consultado pelo Estado disse que o desligamento
do sistema de identificação pode envolver tentativas de espionagem ou
procedimentos fora da normalidade pelo navio.
Para ele, a navegação do Yantar pela costa brasileira não
era ilegal, mas seu “desaparecimento” por seis dias foi considerado estranho.
A embaixada da Rússia no Brasil não se manifestou na
quinta-feira (20) sobre a presença do Yantar em águas brasileiras. A Marinha
brasileira, por sua vez, informou que não levanta suspeitas. Disse ainda que,
na condição de responsável pelo controle do tráfego marítimo, adota
procedimentos previstos em normas internacionais de navegação a serem cumpridas
pelas autoridades marítimas.
Com sensores de alta tecnologia para rastrear o fundo do
mar, o navio oceanográfico Yantar sempre esteve na mira de governos, segundo o
jornal O Estado de S.Paulo. Desde seu lançamento, há cinco anos, a Rússia
costuma repetir que o navio de 5.700 toneladas e 108 metros atua em pesquisas
científicas e em ajuda a outros países.
Entre dezembro de 2017 e abril de 2018, o Yantar atuou nas
buscas do submarino ARA San Juan, que desapareceu na costa argentina. Depois,
em junho, ao passar pelo Canal da Mancha, a embarcação foi escoltada de forma
preventiva pela Força Aérea do Reino Unido e tratada como um “navio espião”
pela imprensa londrina. Em novembro de 2019, causou suspeita por desligar o
radar no mar do Caribe e na costa dos EUA.
Fonte: Correio do Povo
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